Solução Completa de Questão Simulada de História do Curso Argos ECEME ( questão de treinamento para os Exames Intelectuais de 2023, na fase do mês à disposição do PEP 2023).

      2ª QUESTÃO (Valor: 4,0)

                 O Século de Humilhação Nacional é um conceito utilizado por alguns estudiosos e políticos chineses para descrever a história da China desde meados do século XIX até meados do século XX.

                 O termo teve origem no período da ascensão do nacionalismo chinês em 1915 e foi mais tarde frequentemente utilizado pelo Partido Comunista da China como um conceito para resumir a história humilhante da nação chinesa, a fim de alertar o povo chinês a não esquecer a vergonha nacional, fortalecer o país e evitar a repetição de tragédias históricas.

Justificar as raízes históricas do termo “Século de Humilhações”, destacando iniciativas estratégicas, econômicas e científicas & tecnológicas, tomadas para fortalecer a República Popular da China e posicioná-la como potência global no século XXI.

ATENÇÃO!

Observações da solução:

 – Por apresentar uma finalidade didática, esta solução pode ter extrapolado a relação tempo de prova x quantidade de laudas.

– Observe que a solução trabalha somente com grandes ideias, ideias-força – somente conhecimentos dos conteúdos básicos: a solução não trabalha com “notas de rodapé”.

– Quanto ao Método, observe que a redação atende ao parâmetro de causa e efeito ( veja os trechos sinalizados na cor amarela): não basta citar e explicar o evento que caracteriza o “século de humilhações”, há que se dizer o por que, quais as razões daquele evento ter humilhado o processo de desenvolvimento da nação chinesa.

– Ainda quanto ao Método, observe que o destaque não faz parte do parâmetro de correção “ ligação de causa e feito”.

– Observe, também, a citação dos eventos na ordem cronológica ( prova de História).

– Veja que os parágrafos são estanques ( servidão justificar e apresentar). Não há necessidade dos parágrafos se ligarem uns com os outros, tal qual na servidão analisar.

– Esta solução não passou por revisão, razão pela qual seu autor agradece qualquer tipo de observação.

UMA SOLUÇÃO

A CHAVE DA SOLUÇÃO

Método

A servidão Justificar requer que eu diga o por que, a razão pela qual determinado acontecimento da história da China causou humilhação ao orgulho, à vontade nacional da nação chinesa. Não basta citar e explicar o fato. Há que explicar a razão pela qual tal fato insere-se no contexto de humilhação à nação chinesa.  

Conhecimento

Século das humilhações – de 1849 à 1949

– 1849 ( Guerra do Ópio) ; 1949 (vitória de Mao – início da unidade chinesa)  

– Com base nesse período, vou selecionar fatos históricos nos quais a China conviveu com turbulências internas.

– Atenção!

  1. INTRODUÇÃO

                        O termo “Século das Humilhações” designa o período da história da China representado por exploração econômica, perdas territoriais, conflitos internos, massacres, imposição à nação chinesa de tratados desiguais e por invasões externas.

                        A partir de meados do século XIX, os avanços tecnológicos da Segunda Revolução Industrial, particularmente os relacionados aos transportes, às comunicações, e ao poder militar facilitaram o controle da China por partes de potências ocidentais – e mesmo o Japão – , inaugurando o “Século das Humilhações”, que estendeu-se até meados do século XX, com a instabilidade política interna chinesa verificada na guerra civil que levou Mao Tsé-Tung ao poder em outubro de 1949.

           O “Século de Humilhações” identifica-se, assim, com o Imperialismo do Século XIX, que constituiu-se no movimento de expansão e domínio das potências capitalistas industriais sobre territórios da periferia do sistema internacional, particularmente para a África e para a Ásia.

O termos identifica-se, também, com a fraqueza de governos chineses de conseguir a unidade política interna sobre o imenso território continental do país.

           Hoje, passados quase 100 anos daqueles episódios de humilhação à nação chinesa, Pequim implementa vigoroso e dinâmico projeto de poder global que visa posicionar a China como ator de primeira ordem no sistema internacional do século XXI.

                        A seguir, as raízes históricas do termo “Século de Humilhações” serão justificadas, destacando-se iniciativas destinadas a projetar a China como potência global no século XXI.

              A partir de meados do século XIX, as demandas econômicas oriundas da Segunda Revolução Industrial levaram as potências europeias a explorar economicamente a China por meio da imposição de tratados desiguais, o que enfraqueceu a soberania chinesa sobre o seu próprio território. Destaca-se que, atualmente, a iniciativa “Made in China 2025” destina-se a projetar a China na economia global pelo reconhecimento internacional da boa qualidade tecnológica de seus produtos.

                 A vitória dos EUA na Guerra Hispano-americana (1898) inseriu os norte-americanos na corrida imperialista do século XIX. Por meio da “Open Door Policy”, os EUA também participaram, junto com as potências europeias, da exploração econômica da China, o que contribuiu para a violação da soberania chinesa. Salienta-se que, neste século XXI, a Nova Rota da Seda é um grandioso projeto econômico, de natureza geopolítica, que visa à projeção global da China.    

                 A Restauração Meiji (1868) introduziu o Japão em uma fase de modernização industrial, a qual teve como um de seus desdobramentos o imperialismo japonês militar, cuja expansão resultou em conquista de parcelas do território da China, levando humilhação para os chineses. Enfatiza-se que, hoje em dia, a China promove a elevação de seu orçamento de Defesa, inclusive com desenvolvimentos tecnológicos de última geração, como uma medida de dissuadir ameaças a sua inserção global.  

            Travada entre o Reino Unido e a China, esse conflito resultou na derrota dos chineses, os quais cederam à imposição britânica da comercialização do ópio no seu território. O embate terminou com o Tratado de Nanquim (1842), que impôs cláusulas humilhantes ao governo chinês: abertura de portos ao comércio inglês, cessão de Hong Kong aos britânicos e indenização dos custos da guerra. Destaca-se que o “socialismo de mercado” – implementado por Deng Xiaoping a partir de década de 1980 – possibilitou a projeção econômica global da China.      

           Travada entre a China e uma aliança ocidental, formada pela França, Reino Unido e os Estados Unidos, essa guerra foi uma extensão da 1ª. Guerra do Ópio, pois o comércio dessa droga foi um de seus motivos. A guerra encerrou-se pelo Tratado de Tientsin (1860), que impôs mais humilhações à China da dinastia Quing: exigência de abertura de mais portos ao comércio estrangeiro, autorização do livre acesso de missionários ocidentais e a legalização do comércio de ópio. Salienta-se que a construção de portos modernos na China de hoje foi uma iniciativa estratégica que garante a sua projeção econômica global.

            Esse conflito – travado entre a China e o Japão pelo controle da Península Coreana – resultou na derrota do Império Chinês, que foi obrigado a submeter-se ao humilhante Tratado de Shimonoseki, pelo qual a China reconheceu a independência coreana, pagou indenizações de guerra ao Japão, cedeu territórios ( Taiwan, a península de Liaodong e a cidade de Porto Arthur) e abriu portos ao comércio japonês. Nota-se que ,hoje em dia, a China é detentora de navios aeródromos de propulsão nuclear produzidos pela própria tecnologia chinesa, o que contribuiu para a sua dissuasão  estratégica no plano global.

               Essa rebelião objetivou expulsar da China estrangeiros e missionários ocidentais, bem como derrubar a dinastia Quing. A revolta foi sufocada por forças da Alemanha, EUA, Itália, Japão, Inglaterra, França e Rússia, enviadas para proteger seus interesses nacionais em território chinês. O conflito encerrou-se pelo Protocolo Boxer (1901), que obrigou a China a novas concessões: pagamento de indenizações de guerra e a proibição de importação de armas, em um quadro de mais humilhações impostas à soberania chinesa. Ressalta-se que, atualmente, a China possui tecnologia de mísseis hipersônicos, o que a coloca em destacada posição na escala do poder global.  

      A instalação do regime republicano na China deu-se pela deposição da dinastia Quing, período a partir do qual o país continuou a conviver sob o signo do “século das humilhações”, devido à acentuada instabilidade política reinante, marcada por conflitos internos,  ameaça de fragmentação territorial, pressões e invasões externas e uma longa guerra civil que levou à vitória de Mao Tsé-Tung em 1949. Destaca-se que, na atualidade, a China utiliza sua avançada tecnologia 5G não somente para apoiar a sua projeção global, mas também, como fonte de obtenção de dados para o controle interno do Partido Comunista sobre sua população.          

  1. A 2ª. Guerra Sino -japonesa (1937-1945)

             No conceito da Esfera de Coprosperidade da Grande Ásia Oriental, pelo qual o Japão pretendia exercer a hegemonia regional, a China foi invadida por forças japonesas, o que resultou em mais um episódio do “século de humilhações”: invasão externa, perda de controle territorial e massacres realizados pelos japoneses, sendo o mais conhecido o Massacre de Nanquim. Ressalta-se que, atualmente, a China implementa vigoroso programa de modernização tecnológica de suas Forças Armadas, no qual sobressai-se a construção de submarinos de propulsão nuclear, iniciativa estratégica de defesa da ascensão global da China.

                                     Com a vitória de Mao Tsé-Tung na guerra civil revolucionária comunista, as forças nacionalistas do Kuomintang criaram a República da China nacionalista em Taiwan, constituindo-se, na visão de Pequim, em uma província renegada, cuja separação do continente apoiada por aliança com potência ocidental (EUA) representa o último vestígio do “século de humilhações”. Destaca-se que Pequim investe em inteligência artificial e robótica militar, a fim de defender seu interesse nacional de reincorporar Taiwan a sua soberania, constituindo-se essa ação em um dos fundamentos de sua projeção global.  

Bom estudo!

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