Saiba as razões pelas quais a Partilha da Palestina não foi implementada
A Resolução 181 da Assembleia Geral da ONU, conhecida como o Plano de Partilha da Palestina, proposta em 29 de novembro de 1947, tinha como objetivo resolver o conflito árabe-judeu na Palestina Mandatária, dividindo-a em um Estado judeu, um Estado árabe e uma zona sob controle internacional em Jerusalém. No entanto, a implementação dessa resolução enfrentou obstáculos significativos desde o início, resultando em sua não implementação. As principais razões para isso incluem:
Oposição Árabe
- Rejeição Árabe: A proposta foi imediatamente rejeitada pelos líderes árabes e pela população árabe da Palestina, bem como pelos Estados árabes vizinhos. Eles consideravam o plano injusto, argumentando que ele concedia uma grande parte do território a uma população judaica que, na época, constituía cerca de um terço da população total da Palestina e possuía uma fração menor da terra.
- Motivações Nacionalistas: O nacionalismo árabe estava em ascensão, e a ideia de dividir a Palestina era vista como uma traição ao princípio de autodeterminação. Os árabes da Palestina desejavam a independência em todo o território da Palestina Mandatária.
Guerra de 1948
- Conflito Armado: A rejeição árabe ao plano levou a um aumento da violência entre comunidades judaicas e árabes na Palestina. Após a declaração de independência de Israel em 14 de maio de 1948, um dia antes do término do Mandato Britânico, os Estados árabes vizinhos invadiram a Palestina, dando início à Guerra Árabe-Israelense de 1948.
- Resultados da Guerra: A guerra resultou em uma vitória israelense significativa, com Israel expandindo seu território além das fronteiras propostas pela Resolução 181. Além disso, a guerra causou o deslocamento de centenas de milhares de palestinos, criando a questão dos refugiados palestinos.
Falta de Apoio Internacional Efetivo
- Enforcement: A ONU não tinha meios efetivos para impor a implementação do plano de partilha contra a vontade dos Estados árabes e da população árabe local. Na época, a ONU carecia de força militar própria e dependia do consenso entre as grandes potências, o que muitas vezes era difícil de alcançar.
- Retirada Britânica: O Mandato Britânico estava se encerrando, e o Reino Unido, exausto pela Segunda Guerra Mundial e enfrentando problemas em seus próprios territórios coloniais, estava ansioso para se retirar da Palestina sem se envolver em mais conflitos. Isso deixou um vácuo de poder que contribuiu para a escalada do conflito.
Consequências Geopolíticas
- Mudanças Territoriais: A guerra e os conflitos subsequentes resultaram em mudanças significativas nas fronteiras propostas pela Resolução 181. Territórios destinados ao Estado árabe foram ocupados por Israel ou anexados pela Jordânia (Cisjordânia) e pelo Egito (Faixa de Gaza).
- Questão dos Refugiados: O conflito criou um grande número de refugiados palestinos, cujo retorno ou reassentamento permanece uma questão central no conflito israelense-palestino.
Conclusão
A não implementação da Resolução 181 da ONU pode ser atribuída a uma combinação de oposição árabe, consequências da guerra de 1948, falta de apoio internacional efetivo para a execução do plano e as mudanças geopolíticas resultantes. Esses fatores, juntos, criaram um cenário complexo e volátil que definiu o curso do conflito israelense-palestino nas décadas seguintes.